14 de feb. de 2020

O namoro de Godinho



Para conmemorar o día:
fecha os ollos e escoita
e lembra e imaxina.


Mandei-lhe uma carta em papel perfumado
E com a letra bonita eu disse ela tinha
Um sorrir luminoso tão triste e gaiato
Como o sol de novembro brincando de artista
Nas acácias floridas na fímbria do mar
Sua pele macia era sumaúma
Sua pele macia cheirando a rosas
Seu seios laranjas, laranjas do Loge
Eu mandei-lhe essa carta e ela disse que não
Mandei-lhe um cartão que o Maninjo tipografou
"Por ti sofre o meu coração"
Num canto sim, noutro canto não
E ela o canto do não dobrou
Mandei-lhe um recado pela Zefa do Sete
Pedindo e rogando de joelhos no chão
Pela Senhora do Cabo, pela Santa Ifigénia
Me desse a ventura do seu namoro
E ela disse que não
Mandei a avó Chica, quimbanda de fama
A areia da marca que o seu pé deixou
Para que fizesse um feitiço bem forte e seguro
E dele nascesse um amor como o meu
E o feitiço falhou
Andei barbado, sujo e descalço
Como um mona-ngamba procuraram por mim
" Não viu (Ai, não viu?) Não viu Benjamim?"
E perdido me deram no morro da Samba
Para me distrair levaram-me ao baile
Do senhor Januário mas ela lá estava
Num canto a rir contando o meu caso
Âs moças mais lindas do Bairro Operário
Tocaram a rumba dancei com ela
E num passo maluco voamos na sala
Qual uma estrela riscando o céu!
E a malta gritou: "Aí Benjamim!"
Olhei-a nos olhos, sorriu para mim
Pedi-lhe um beijo, ararararai 
e ela disse que sim
E ela disse que sim
E ela disse que sim

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